O Mundial de Vôlei Feminino 2025, 20ª edição organizada pela FIVB e sediada na Tailândia, viveu um segundo dia de oitavas tenso e de alto nível técnico. Era jogo único: venceu, segue; perdeu, faz as malas. Nesse cenário, a Turquia foi o destaque da rodada ao confirmar vaga nas quartas com uma atuação segura, consistente do saque à defesa, numa resposta clara ao baque sofrido meses atrás, quando caiu para o Japão nas quartas da VNL 2025.
O duelo com os Estados Unidos, um dos mais aguardados do dia, entregou o que prometia: ralis longos, leitura rápida de jogo e rotação intensa de jogadoras para ajustar matchups na rede. As norte-americanas forçaram no saque, pressionaram o passe e variaram a distribuição para tentar quebrar o ritmo turco. Do outro lado, as turcas subiram o bloqueio, aceleraram o jogo nas pontas e reduziram erros diretos nos momentos quentes, o tipo de detalhe que pesa em mata-mata.
As arenas tailandesas seguem cheias, com clima de festa e pressão constante, o que mexe com o emocional e favorece quem administra melhor as trocas de momento. Os desafios de vídeo (challenge) foram usados com parcimônia e ajudaram a manter o jogo fluido, sem alongar discussões em lances decisivos. Na beira da quadra, comissões técnicas apostaram em ajustes rápidos de saque flutuante para o fundo e variações de marcação no corredor da paralela, leitura que vem definindo sets apertados.
Serbia, campeã mundial vigente, entrou no torneio com vaga automática, assim como a anfitriã Tailândia. A presença das duas mantém a moldura de um Mundial que mistura tradição e novidade no topo. Já Rússia e Belarus seguem fora pelo segundo ciclo seguido em razão da invasão da Ucrânia, um fator que mudou a geografia competitiva e abriu espaço para seleções que aprenderam a capitalizar essas brechas.
O chaveamento das quartas ficou mais claro e traz um mosaico interessante: potências tradicionais europeias, seleções asiáticas em alta rotação e equipes que, mesmo fora do radar nos últimos anos, aprenderam a competir em jogo grande. Quem tem bloqueio alto e leitura fina de cobertura dá um passo à frente, mas os confrontos mostram que a diferença costuma ser mínima: um saque bem colocado, um side-out limpo na hora certa, uma checagem vitoriosa no challenge.
Para as comissões técnicas, o dia seguinte é de planilha na mesa e vídeo na tela. A palavra de ordem é adaptação: atacar o ponto fraco do passe rival, testar o meio em primeira bola quando o passe entra, e acionar a oposta para aliviar pressão em rodadas travadas. Também pesam as minutas de descanso e recuperação entre as fases, já que a sequência é curta e o desgaste físico e mental aparece.
Nos números, as estrelas seguem justificando o status. Melissa Vargas lidera a corrida por pontos com 106, um passo à frente de Mayu Ishikawa, com 105. A fotografia diz muito sobre o torneio: potência turca de um lado, execução técnica japonesa do outro. Ao redor delas, brigam por espaço as centrais que marcam presença no bloqueio e as ponteiras que entregam passe de qualidade, item que tem sido a diferença entre brigar por 3 a 0 e sofrer em tie-break.
Sem Rússia e Belarus, a porta se abriu para seleções que estavam um degrau abaixo em edições anteriores. Esse novo mapa se reflete em partidas mais equilibradas e em uma distribuição maior de protagonistas por jogo. Em vez de dependência de uma única atleta, vemos sistemas bem treinados, com funções claras e um piso alto de rendimento coletivo.
O interesse comercial e de público acompanha o ritmo da quadra. A Tailândia abraçou o evento, impulsionou médias de público e criou um palco que valoriza quem arrisca. Para quem joga, isso se traduz em coragem no saque, variação de rota de ataque e confiança para inverter a mão quando a bola quebra. Para quem assiste, é um Mundial que prende do primeiro ao último ponto.
Para entender a reta final, vale lembrar o formato do mata-mata:
Com o funil afunilando, cada detalhe ganha peso. Quem sustentar o passe sob pressão e administrar melhor os momentos de instabilidade vai mandar no ritmo das quartas. A Turquia chega com moral renovada. Os Estados Unidos, mesmo sob provações, seguem competitivos. Japão e Sérvia mantêm execução alta e leitura tática afiada. E a Tailândia, como casa do Mundial, continua a dar o tom dentro e fora da quadra.