Na noite de 23 de outubro de 2025, em Quito, o Palmeiras viu sua sonhada passagem à final da CONMEBOL Libertadores da América 2025Quito desmoronar em apenas 27 minutos. Derrotado por 3 a 0 pela Liga Deportiva Universitaria (LDU) no estádio da casa, a 2.850 metros de altitude, o time brasileiro não apenas perdeu — foi humilhado. A torcida, que esperava um desempenho contundente, saiu em silêncio. Outros, em redes sociais, não seguraram a fúria: "Parabéns, Palmeiras. Perdeu lá e perde aqui. Subestimou a LDU".
Primeiro tempo: desastre em menos de 30 minutos
A LDU entrou em campo com uma clareza tática que o Palmeiras parecia não ter compreendido. Desde os primeiros minutos, a equipe equatoriana pressionou com intensidade, aproveitando o fator altitude e a falta de ritmo do adversário. O primeiro gol veio aos 15 minutos, com
Villamíl, que aproveitou um erro de marcação de
Khellven para finalizar com precisão. Aos 27, o segundo gol veio da marcação de pênalti — e foi o momento que definiu o rumo da noite.
Andreas Pereira, meia titular, tocou a bola com a mão dentro da área, em lance claro. O árbitro não hesitou: pênalti.
Alzugaray converteu com frieza, e a torcida da LDU explodiu em gritos de "¡Olé!".
Menos de três minutos depois, Villamíl marcou seu segundo. Desta vez, o chute de
Giay foi desviado por Khellven, que tentou cortar, mas acabou empurrando a bola para dentro. O placar já estava em 3 a 0 antes dos 30 minutos. O Palmeiras, que chegou a ter 58% de posse de bola, não criou nenhuma chance real. O goleiro
Carlos Miguel foi batido três vezes no primeiro tempo, e o ataque, com
Vitor Roque,
Felipe Anderson e
Flaco López, parecia desorientado, sem referência. López, isolado na linha de fundo, tentava desarmar três jogadores da LDU enquanto ouvia o coro de "olé" da torcida local. Ele se virou para seus companheiros, pedindo apoio — ninguém veio.
As desculpas que não convencem
Após o jogo, o lateral
Piquerez tentou conter o caos. Em entrevista à ESPN, disse: "O primeiro tempo foi tudo o que não planejamos. Tomamos três gols. Mas agora é acreditar. Na semana que vem, na nossa casa, com a nossa torcida, e deixar a vida para virar a chave. A altitude atrapalhou — a gente sabia disso. Então não podemos dar desculpas. Temos que trabalhar, melhorar e fazer um jogo perfeito".
A frase soou como um apelo. Mas a torcida não quer mais discursos. Nas redes, vídeos de torcedores mostram pessoas chorando, desligando a TV, desfazendo camisas. Um homem, em frente à câmera, grita: "Eles não jogam, eles esperam. E aí perdem por 3 a 0 em casa da LDU!". Outro, mais velho, sentado em uma poltrona, apenas balança a cabeça: "Isso não é futebol. É resignação".
Abel Ferreira sob fogo cruzado
O técnico
Abel Ferreira foi o alvo principal das críticas. Mesmo antes da partida, havia sinais de desconexão: a escalação de Andreas Pereira no meio, em vez de um volante mais defensivo, foi questionada por analistas. Durante o jogo, os ajustes foram tardios. No intervalo, o auxiliar
Carlos Martinho tentou corrigir o sistema, trocando o lateral-esquerdo
Diego Laxalt por
Ramón Sosa e inserindo
Giay para dar mais fluidez ao lado direito. Nada funcionou. A equipe continuou passiva, sem pressão, sem identidade.
O que mais chocou os especialistas foi a ausência de reação tática. A LDU, comandada pelo técnico argentino
Tiago Nunes, jogou com inteligência, cortando passes, ocupando espaços e jogando nas costas da defesa palmeirense. Enquanto o Palmeiras tentava passar a bola para trás, a LDU pressionava com cinco homens. O resultado? Zero gols criados, zero ameaças reais.
A missão impossível: 4 gols em casa
Agora, o Palmeiras enfrenta um desafio que só aconteceu duas vezes na história da Libertadores: virar uma derrota por 3 a 0 em jogo de volta. Em 2005, o São Paulo superou o Independiente por 4 a 1 após perder por 3 a 0 no primeiro jogo. Em 2019, o Flamengo fez 4 a 0 contra o River Plate após perder por 2 a 1 no Maracanã. Mas nenhum dos dois casos foi contra uma equipe tão bem organizada quanto a LDU, que ainda tem a vantagem de saber que um empate em 1 a 1 já garante a classificação.
O jogo de volta está marcado para
30 de outubro de 2025, às
21h30 (horário de Brasília), no
Allianz Parque, em São Paulo. A transmissão será exclusiva pelo Disney+. A torcida promete lotar o estádio. Mas será que isso basta? O Palmeiras precisa de quatro gols — e ainda precisa evitar que a LDU marque. Um único gol adversário anula toda a esperança.
Quem está em jogo além do time?
A derrota em Quito não afeta só o elenco. A diretoria do Palmeiras, que investiu pesado em reforços para esta temporada, agora enfrenta uma crise de credibilidade. O próprio presidente
Alfredo Chaves foi criticado por não ter trocado o técnico após a eliminação da Copa do Brasil. E o clube, que chegou a ser cotado como favorito absoluto, agora corre o risco de terminar a temporada sem nenhum título continental.
Além disso, a LDU, que não chegava às semifinais desde 2019, se consolida como uma das forças da América do Sul. Se avançar, enfrentará o vencedor entre Flamengo e Racing Club — e aí, sim, o jogo será de outro nível. Mas por enquanto, a equipe equatoriana vive o momento mais feliz de sua história recente.
Os números que não mentem
- 2.850 metros de altitude em Quito — o maior desafio físico da temporada para o Palmeiras
- 3 gols sofridos no primeiro tempo — o pior início de semifinal da história do clube na Libertadores
- 0 finalizações no alvo no primeiro tempo — segundo dados da Opta
- 58% de posse de bola — mas apenas 12 passes decisivos no ataque
- 120.000 torcedores previstos no Allianz Parque para o jogo de volta — o maior público da história do clube em jogo da Libertadores
Frequently Asked Questions
Por que Andreas Pereira foi tão criticado após o pênalti?
Andreas Pereira foi o único jogador do Palmeiras a cometer um erro claro e direto que resultou em gol. O pênalti foi inegável — ele tocou a bola com a mão dentro da área, em lance visível até para quem assistia pela TV. Mas a crítica vai além: ele é um dos jogadores mais caros do elenco e tem sido recorrentemente questionado por sua falta de foco defensivo. Muitos torcedores veem o pênalti como símbolo da desatenção geral da equipe.
A altitude realmente foi a principal causa da derrota?
A altitude afetou o ritmo do Palmeiras, sem dúvida — muitos jogadores reclamaram de falta de ar nos minutos finais do primeiro tempo. Mas times como o Flamengo e o Corinthians já venceram em Quito. O problema não foi a altitude, foi a falta de adaptação tática. A LDU jogou com inteligência, enquanto o Palmeiras tentou jogar como se estivesse em São Paulo. A altitude expôs a fragilidade, não a causou.
O que o Palmeiras precisa fazer para vencer por 4 a 0 no Allianz Parque?
Precisa de uma mudança radical: abandonar o jogo de posse e adotar um ataque direto com velocidade. Vitor Roque e Felipe Anderson precisam estar mais próximos, com apoio constante dos laterais. A defesa precisa ser mais agressiva no meio-campo, e o técnico precisa sacrificar um jogador defensivo — talvez até tirar Andreas Pereira — para colocar um atacante como Dudu ou Gabriel Veron. A pressão da torcida pode ser o diferencial, mas só se o time souber usá-la.
O técnico Abel Ferreira corre risco de ser demitido?
A pressão é imensa, mas a diretoria ainda mantém confiança nele — ele é o técnico com mais títulos da história do clube. No entanto, se o Palmeiras for eliminado nesta fase e não conquistar nenhum título em 2025, a situação pode se tornar insustentável. A torcida já pede mudanças, e a imprensa começa a questionar sua filosofia de jogo. A resposta no Allianz Parque será o teste final.
Qual é o histórico do Palmeiras em jogos de volta em semifinais da Libertadores?
O Palmeiras nunca sofreu uma derrota por 3 a 0 em jogo de ida e conseguiu virar. Em 2015, venceu por 3 a 0 em casa após perder por 1 a 0 no Uruguai. Em 2020, empatou em 1 a 1 na Argentina e avançou por melhor campanha. Mas nunca enfrentou uma equipe tão sólida quanto a LDU, que não apenas defende bem, mas também ataca com eficiência. A pressão é histórica, e a probabilidade de virada é inferior a 5%.
O que a LDU tem de diferente para vencer na altitude?
A LDU tem 12 jogadores nascidos no Equador, todos acostumados com a altitude desde a infância. Além disso, o técnico Tiago Nunes montou um sistema 4-2-3-1 com alta pressão e transições rápidas. Eles não tentam dominar a bola — eles a roubam e matam o jogo. É um futebol prático, sem floreios, e que funcionou perfeitamente contra um time que ainda pensa em jogar como na Europa.