Quando Odete Roitman foi alvejada no icônico Vale Tudo, o Brasil inteiro ficou parado, como se o relógio tivesse congelado por alguns segundos. A versão original, exibida entre 1988 e 1989, fez da cena um símbolo da teledramaturgia – três tiros, 11 capítulos de suspense e, por fim, a revelação de que a própria Leila (interpretada por Cassia Kis) havia agido por engano. Três décadas depois, o mesmo mistério ressurgiu, porém com regras novas, elenco renovado e dezenas de finais gravados.
Na trama clássica, Beatriz Segall encarnou a vilã mais temida da televisão brasileira. Seu fim – três disparos no apartamento de Copacabana – virou referência instantânea, citada em salas de estar, escolas e memes. O público acompanhou a investigação como se fosse um reality policial, suspeitando de Marco Aurélio (Reginaldo Faria) e de outros personagens, até que a pista levou à mão trêmula de Leila, que acreditava estar atingindo a amante de seu marido, Maria de Fátima (Gloria Pires).
O impacto não foi só de entretenimento. A frase “Quem mente rouba e quem rouba mata”, proferida por Raquel (Taís Araujo) na versão atual, ecoou ainda mais forte, mas a origem da famosa frase da novela original também ficou nos corações do público como sinônimo de moralidade torcida.
Em 6 de outubro de 2025, a Rede Globo lançou a tão aguardada versão renovada. No comando da trama, Manuela Dias (autora) e Paulinho Silvestrini (diretor) mantiveram o segredo a salvo: gravaram dez finais diferentes, misturando quem matou ou não Odete.
Agora, Débora Bloch veste a capa da magnata, trazendo um ar mais contemporâneo ao personagem. A nova Leila, interpretada por Carolina Dieckmann, recebe a descrição de “sonsa, com muitas camadas e possibilidades”. Mas, ao contrário da versão antiga, ela não é a assassina.
O roteiro apresenta cinco suspeitos de peso: Marco Aurélio (o marido de Leila), Celina, César, Maria de Fátima e Heleninha. Cada um tem um motivo plausível, o que deixa o telespectador em vácuo a cada cena.
A curiosidade aumentou quando Manuela Dias confessou que até os atores ainda não sabem quem puxou o gatilho. “Gravamos com os cinco suspeitos matando e não matando. Até esse momento, nem os atores têm certeza”, disse em entrevista.
A novela não se limita ao drama familiar; ela traz à tona questões de etarismo, racismo e alcoolismo, refletindo o Brasil contemporâneo. O núcleo entre Lucimar e Vasco, por exemplo, fez a procura por mulheres na Defensoria Pública subir 300%, já que a trama mostrou a luta por regularização de paternidade com nuances emocionais fortes.
Além disso, a cena da visita misteriosa a Odete ocorre no luxuoso Copacabana Palace, reforçando o contraste entre poder e vulnerabilidade. No capítulo seguinte, o corpo é encontrado no hotel, desencadeando uma onda de discussões nas redes sociais sobre segurança nas áreas de elite.
O fato de a própria criadora, Manuela Dias, declarar estar “apaixonada” pela vilã trouxe um ponto de vista inesperado: a empatia com o vilão como ferramenta de crítica social. “Só se pode amar Odete porque ela é personagem; se fosse real, seria odiada”, explicou.
Com o corpo ainda sendo investigado pelos policiais de Copacabana, a trama promete revelar não só o assassino, mas também segredos de negócios obscuros que Odete mantinha. Analistas de televisão apontam que a escolha de múltiplos finais pode abrir caminho para extensões digitais, como episódios bônus em plataformas de streaming da Rede Globo.
Enquanto isso, o público já faz apostas nos fóruns: será o carismático Marco Aurélio ou a enigmática Heleninha? Uma coisa é certa – o suspense está tão afiado quanto a arma que silenciou Odete.
Na novela de 1988‑89, Leila (Cassia Kis) matou Odete por engano, acreditando estar atirando em Maria de Fátima. No remake de 2025, a assassina será outro personagem – ainda desconhecido – e a produção gravou dez finais diferentes para manter o suspense.
Os cinco suspeitos são Marco Aurélio, Celina, César, Maria de Fátima e Heleninha. Cada um tem um motivo plausível, desde ambição empresarial até ressentimentos pessoais, o que alimenta o mistério.
A trama impulsionou a procura por defensorias públicas em casos de regularização de paternidade, com aumento de 300% de mulheres buscando apoio. Também gerou debates sobre etarismo, racismo e alcoolismo, refletindo problemas reais.
A revelação está prevista para o final da primeira semana, depois da exibição da cena do corpo em 7 de outubro de 2025. Até lá, a produção mantém o segredo, inclusive dos atores.
Como autora, Manuela Dias decidiu gravar múltiplos finais e manteve a identidade do assassino sob sigilo total, criando uma atmosfera de incerteza que lembra séries de crime contemporâneas.
Lucas Santos
outubro 6, 2025 AT 20:03O retorno de Vale Tudo demonstra, sem sombra de dúvida, a capacidade da televisão nacional de reinventar narrativas clássicas. O uso de múltiplos finais, embora arriscado, revela uma estratégia de engajamento avançada. A produção demonstra um domínio técnico notável, sobretudo ao manter o suspense em alta escala. 🙂