Por Leandro
Chamado de “o melhor jogador do mundo” pelo próprio treinador, Rodri está de volta ao Manchester City. Pep Guardiola confirmou o retorno do espanhol para o duelo da Premier League contra o Tottenham, sábado, às 12h30 (Etihad Stadium), e não economizou na avaliação: para o técnico, o meio-campista segue no topo mesmo depois de uma longa recuperação de lesão no joelho que tirou o jogador de quase toda a temporada passada.
Para Guardiola, Rodri não precisa fazer nada além de ser ele mesmo. O técnico falou em consistência, reforçou que não tem dúvidas sobre a qualidade do camisa 16 e lembrou que, até aqui, o espanhol mantém o nível que o levou à Bola de Ouro de 2024. Em um elenco repleto de talento, o papel do volante continua central: dar ordem ao jogo, oferecer saída limpa, proteger a zaga e acelerar quando a partida pede mais risco.
O contexto ajuda a entender o peso desse retorno. O City tem ausências confirmadas: Gvardiol, Savinho e Kovacic estão fora da partida. Sem peças importantes em setores diferentes, o time ganha muito com a presença do espanhol na base da jogada. Quando ele não está, o City costuma perder fluidez na construção e sofre mais para controlar a transição rival. Com ele, a equipe tem mais bola, mais calma e, quase sempre, mais chances criadas com paciência.
No plano tático, a tendência é ver o City alternando entre 4-3-3 e um desenho com três zagueiros na saída, com laterais por dentro e meias bem próximos da área. Rodri é o pivô desse mecanismo: aproxima os zagueiros, oferece linha de passe constante, quebra a primeira pressão e encontra os meias entrelinhas. Sem a bola, encurta espaços à frente da defesa e fecha as rotas de contra-ataque. É o jogador que permite que o time ataque com mais gente e, ao mesmo tempo, se proteja.
Depois de uma lesão séria no joelho, a volta ao ritmo de competição costuma ser construída jogo a jogo. O City tende a gerenciar minutos e cargas, mas Guardiola foi claro ao indicar que confia no nível físico e técnico do espanhol. Em partidas grandes, em que cada erro pesa, a capacidade de decidir o tempo do jogo faz diferença — e esse é o território de Rodri.
Do outro lado, o Tottenham. Guardiola descartou qualquer conversa de revanche após o 0–4 da temporada passada e tratou a partida como uma nova chance em um novo campeonato. Ele lembrou que os Spurs quase sempre complicam, e não é exagero: é um rival que costuma acelerar transições, atacar com amplitude e castigar perdas de bola. No segundo turno do último encontro, o City venceu por 1–0, num jogo de paciência e poucas brechas.
Para o City, o desafio tem cara de xadrez. O time precisa instalar o jogo no terço ofensivo e, ao mesmo tempo, impedir que o Tottenham encontre campo aberto. A primeira meia hora pode ser decisiva: se o City impõe ritmo e empurra o rival para trás, controla o placar; se erra na saída, alimenta o jogo que os Spurs gostam, com estocadas rápidas.
O jogo também marca a estreia de Pepijn Lijnders como assistente de Guardiola. O técnico elogiou o recém-chegado e falou sobre o quanto foi “sortudo” por trabalhar com gente que agrega e inspira. Na prática, uma chegada assim mexe no treinamento: ideias novas em pressão, detalhes de posicionamento sem bola e dinâmicas de sessão que trazem frescor a um elenco acostumado a vencer.
Em uma temporada longa, com calendário apertado, ter mais vozes qualificadas no campo de treino ajuda a manter intensidade e foco. É onde se ajusta o micro: a distância entre linhas, o timing da cobertura, o gatilho para pressionar o segundo passe. Com um meio-campista como Rodri em campo, essas engrenagens tendem a rodar com menos atrito.
Agenda em mãos: bola rola no Etihad às 12h30 deste sábado. É só a segunda rodada, mas pontos cedo aliviam pressão e dão lastro para evoluir com calma. Com casa cheia e um rival que exige nível alto, o City reencontra seu maestro no meio e tenta colocar o campeonato, desde já, no ritmo que gosta.